segunda-feira, 25 de julho de 2016

Casa da Oscarina

O OUTRO LADO DA RUA


No Mês passado publicamos uma foto do Ademir (Nenen) Damasco onde retratava a esquina do Campeche com a rua da Capela. Nesta semana foi publicado uma outra foto, também do Nenen, representando a mesma esquina mas com ângulo inverso que achei caber também um comentário e uma republicação.

De fato a senhora que aparece na janela da casa do meio é a Dona Oscarina. A casa provavelmente construída no fim da década de sessenta. Vejam que não há cerca pois não era hábito do açoriano murar ou cercar sua propriedade. A construção é de madeira e bastante alta do solo onde se aproveitavam o espaço vazio para guardar suas ferramentas do trabalho na lavoura (enxadas, pás ,foices, machados...) . A construção de casas de madeira e deste estilo se intensifica na década de sessenta. Antes deste período os açorianos construíam suas casas de material sólido utilizando o óleo de baleia para o preparo da argamassa. Nestas casas dos açorianos mais antigos também não haviam jardins pois aproveitavam a parte da frente do terreiro para secar café que denominava-se eira ou até para secar as redes de pesca. Os açorianos mais abastados desenhavam com massa a bordadura do telhado para encobrir a telha de calha quase que totalmente. Isso denominava-se beira. Daí a clássica frase quando alguém é desprovido de riquezas: Este não tem eira nem beira.

Voltamos a foto. Do lado esquerdo aparece uma ponta de telhado e uma cerca. Esta casa e a cerca é posterior a década de setenta e pertencia a um morador da Costeira do Pirajubaé, seu Chico da Marina. Hoje é uma pizzaria. Antes de pertencer a ele esta propriedade era do senhor Osvaldo Gonçalves (Vadinho do Neneca )sendo ali o ponto de encontro dos homens da comunidade que trocavam algumas palavras sobre a pesca, a lavoura e degustavam um traguinho é claro, ninguém é de ferro. As crianças não podiam entrar nem para comprar. Chamava-se o pai que estava no recinto e este realizava a compra. Geralmente alguns gramas de carne seca e uma garrafinha de querosene para a lamparina (pomboca).

A casa da direita pertence ao Nilton Vigânigo, (Nilton da Praxedes). Sua construção é posterior a casa da Oscarina , pois foi erguida e transformada em comércio quando o mesmo retornou da cidade de Santos onde fora viver para “ganhar a vida”. No Campeche não haviam empregos e muitos moradores migravam para o Rio Grande do Sul para pescar ou Santos para trabalhar em restaurantes. O comercio do Nilton da Praxedes ainda permanece ali, hoje tocado por seu filho Mauro Vigânigo, popular Babão.

Ao passar hoje no local percebe-se muita diferença da foto. Uma transformação total. Principalmente nos estilos das construções que nas reformas adquiriram novas aparências.

Texto por: Hugo Adriano Daniel

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